Há quem diga que a infância é feita de chão, de vento no rosto e de descobertas que cabem na palma da mão. No Instituto Teresa Valsé, essa imagem ganha vida todos os dias. Nossas crianças não apenas ocupam os espaços ao ar livre da escola, como o Jardim do Amanhã, elas habitam cada canto, cada folha e cada som da natureza que as acolhe.
Em meio às propostas do material Girolhar e às experiências cotidianas, o contato com a natureza se transforma em linguagem, em pensamento e em poesia. As crianças colhem frutos direto do pé, observam insetos minúsculos, molham a terra e percebem a delicadeza das transformações. Assim, compreendem que cuidar é um gesto que nasce do amor e que a natureza não está fora delas: elas são natureza.
Como lembra Paulo Fochi, “a infância é um território de pertencimento, onde o corpo aprende o mundo pelo toque, pela escuta e pela experiência sensível.” Nesse território fértil, cada criança é também semente e o que germina é uma compreensão profunda do viver em relação: com o outro, com o ambiente e com o tempo.
É exatamente essa alegria que pulsa quando as crianças se sujam de barro, quando inventam rios que se cruzam, quando veem na folha que cai a presença de algo maior. Nesse cotidiano tecido entre mãos pequenas e raízes profundas, aprendizados florescem das pequenas descobertas e o ato de aprender se confunde com o ato de existir.
Em diálogo com Gandhy Piorsky, que nos convida a reconhecer o sagrado no brincar e nas matérias do mundo, entendemos que o barro, a água e a folha são mestres silenciosos. Neles mora o mistério da criação, o encantamento, a escuta e a espera.
“O barro sabe coisas que a gente ainda não sabe.
Ele já foi chuva, já foi poeira, já foi morada de bicho,
já foi história que ninguém contou”, Manoel de Barros.
No Instituto Teresa Valsé, as crianças seguem contando essas histórias com as mãos, com o corpo e com o coração desperto. Porque, quando uma criança ama a natureza, ela cuida. E quando cuida, floresce junto com ela.
Professora Jéssica Souza
📸 Fotos: Hellen, Jéssica, Júlia, Letícia e Monaliza
