A Semana Cultural aconteceu no ITV nos dias 08, 09 e 10 de outubro e, antes disso, ela já acontecia nos momentos em sala de aula.
Esse projeto foi desenvolvido com os alunos do Ensino Médio ao longo do ano de 2025, com o objetivo de ampliar o repertório cultural, a autonomia dos jovens e a interdisciplinaridade entre as áreas de Ciências Humanas e Linguagens.
Professores e estudantes se uniram para desenvolver trabalhos de interesse dos estudantes, e realmente pensados por eles. Por isso, quem teve a oportunidade de presenciar a mostra percebeu a diversidade criativa e a variedade de propostas e projetos com a cara, e o coração, dos jovens.
Todos os trabalhos desenvolvidos, de alguma forma, perpassam a memória, tema escolhido para a nossa Semana. O título foi criado pelos estudantes do 3º ano. E eu, particularmente, concordo com eles, somos sujeitos de sorte, pois todos saímos, de alguma maneira, transformados dessa Semana. O dia da Mostra (09/10) foi emocionante. Era nítida a criatividade, criticidade e sensibilidade dos jovens, e a emoção da comunidade escolar e visitantes ao perceberem isso.
Além da Mostra, era muito importante também promover mais momentos de aprendizado que envolviam o tema escolhido. Por isso, no primeiro dia (08/10), dez oficinas ocorreram ao mesmo tempo e cada uma, a partir de sua perspectiva, falava sobre memória.
Os oficineiros foram diversos. Contamos com grupos de pesquisa da UFU, professores e artistas da cidade. Cada estudante escolheu três dessas oficinas e pôde aprender a partir da teoria e da prática. Os estudantes do 3º ano auxiliaram os oficineiros como monitores.
Para registrar com detalhes essas oficinas, e toda a Semana, foi criada uma equipe de jornalistas com os estudantes de todo o Ensino Médio, que se organizaram para escrever, entrevistar, filmar e fotografar. Todos terão acesso à voz de cada estudante.
A Semana teve seu encerramento no dia 10/10 com um Intervalo Cultural, para promover ainda mais momentos de arte e convivência.
Esse projeto foi um dos lindos resultados de um processo de empenho e constância desenvolvido pelos jovens. Outros resultados ainda virão, já que o aprendizado ficará guardado e será levado pela vida.
Por falar em memória... acredito que essa Semana ficará na nossa, tanto a memória da mente, quanto a do coração.
Até a próxima.
Professora Júlia Almeida
📸 Fotos: Equipe de Comunicação e Marketing e Estudantes do Ensino Médio (Jorge, Guilherme Ribeiro, Lucas, Maísa, Matheus, Sofia, Valentina, Ana Clara Rezende, Ana Clara Carvalho, Gabriela, Thaís, Kaylah, Rayssa)
Texto das alunas Ana Clara Dan e Maria Luisa Dan, 1º ano B:
Oficina: IMIGRANTES E MEMÓRIA
A oficina abordou o tema das migrações, destacando a presença de imigrantes sírio-libaneses e muçulmanos em São Paulo e nas regiões do interior do estado. Ele começou explicando que muitos imigrantes se estabeleceram na capital paulista, contribuindo para o crescimento do comércio, como exemplificado pela Rua 25 de Março, fundada por sírio-libaneses. Com o desenvolvimento da capital, alguns desses indivíduos se mudaram para o interior paulista em busca de novas oportunidades. Ele citou Barretos como exemplo, cidade que possui uma mesquita que transmite preces em árabe por meio de alto-falantes. Ele compartilhou que cresceu ouvindo essas preces e explicou que elas são expressões culturais e religiosas que mantêm viva a memória e a identidade dos imigrantes.
Além disso, a oficina discutiu a guerra civil na Síria e compartilhou a história de uma família refugiada recebida em Barretos pela comunidade muçulmana local. O trabalho de um Sheik sírio, também refugiado, que se encarregou de reestruturar a vida religiosa e social dos muçulmanos na cidade, contribuiu para o fortalecimento dessa comunidade. Foi destacado outro aspecto: a função econômica dos imigrantes na área. Vários deles trabalham em frigoríficos que produzem carne halal, um método de abate que obedece a preceitos religiosos islâmicos. Esse mercado impulsiona o comércio local e cria oportunidades de emprego para muçulmanos. Ele também compartilhou a história de um refugiado sírio que, depois de chegar ao Brasil, aprendeu a cozinhar com outros imigrantes e inaugurou seu próprio empreendimento. A culinária foi mostrada como uma forma de preservar tradições e memórias afetivas.
Ele também discutiu o contexto global das migrações, explicando que a maioria ocorre do chamado Sul Global para o Norte Global, ou seja, de países com problemas econômicos e políticos para nações mais desenvolvidas. Mencionou ainda que muitos desses problemas atuais têm origem na exploração histórica e colonial feita por países ricos sobre os mais pobres.
Por fim, a oficina tratou da questão do pertencimento, afirmando que migrar envolve perdas, reconstruções e recomeços e propôs refletir sobre o que significa “ter um lugar” e como as pessoas lidam com o sentimento de estar fora dele.
Texto da aluna Sofia Rocha Paranaíba Pereira, 2º ano A:
Oficina: RETRATOS DA MEMÓRIA - O tempo que vive em nós
Cada ruga é uma linha de história. Cada olhar carrega um pedaço do tempo.
A oficina “Retratos da Memória” nasce do desejo de ouvir, registrar e valorizar as lembranças das pessoas idosas — guardiãs de experiências, afetos e saberes que o tempo não apaga.
Mais do que uma conversa sobre o passado, é uma celebração da vida vivida, das histórias que nos formam e das lembranças que merecem permanecer.
Entre retratos, relatos e reflexões, o encontro convida à escuta e ao acolhimento. Mostra que lembrar é também um ato de resistência — contra o esquecimento, contra o silêncio, contra a pressa que o mundo impõe.
Cada memória compartilhada é um gesto de continuidade: um elo entre gerações, um presente deixado para o futuro.
“Retratos da Memória” nos convida a enxergar os idosos não apenas como testemunhas do tempo, mas como protagonistas de histórias únicas — vozes que merecem ser ouvidas, rostos que guardam o passado e refletem o presente.
Porque cada rosto é um retrato, e cada retrato traz consigo uma vida inteira contada em silêncio.
Texto do aluno Matheus Henrique de Souza Oliveira, 2º ano A:
Oficina: MÚSICA, CHORINHO E A CIDADE DE UBERLÂNDIA
A oficina “Música, Chorinho e a Cidade de Uberlândia” foi uma experiência envolvente e emocionante, que mergulhou nas origens do chorinho — um dos gêneros mais tradicionais da música popular instrumental brasileira. A apresentação destacou a riqueza e a mistura de influências culturais que caracterizam essa expressão artística.
Um dos momentos mais interessantes foi a explicação sobre a formação instrumental clássica do choro. O palestrante ressaltou a importância do flautista Joaquim Calado, considerado o “pai do choro”, por ter definido o conjunto básico formado por flauta, cavaquinho e violão.
A oficina também explorou a Era de Ouro do choro, destacando a figura de Pixinguinha, que revolucionou o gênero ao substituir a flauta pelo saxofone e ao transformar a estrutura das composições. Ele foi responsável por elevar o choro de uma simples música de lazer a uma forma de arte sofisticada, consolidando-o como um dos pilares da música brasileira no século XX.
Por fim, o palestrante abordou o legado do choro na música contemporânea, mostrando sua influência na bossa nova — com sua harmonia refinada — e na MPB. Encerrando a fala, reforçou a importância de preservar e estudar o choro, para que as novas gerações não apenas dominem a técnica, mas também compreendam sua linguagem expressiva e o espírito de improvisação que são a verdadeira essência desse gênero musical.
Texto da aluna Júlia de Ávila Hamu, 1º ano A:
Oficina: MPB E AS MÚSICAS QUE MARCARAM A HISTÓRIA
A oficina abordou o tema da Música Popular Brasileira (MPB), destacando sua importância cultural e histórica para o país. O palestrante explicou como a MPB surgiu a partir da mistura de diferentes ritmos e influências, representando a identidade e a diversidade do povo brasileiro. Foram mencionados alguns dos maiores nomes do gênero, artistas que marcaram gerações e contribuíram para a formação de uma das expressões artísticas mais ricas do Brasil.
Durante a apresentação, o palestrante também falou sobre o Clube da Esquina, movimento musical que nasceu em Minas Gerais e reuniu grandes artistas como Milton Nascimento e Lô Borges. Ele explicou que o grupo foi essencial para renovar a MPB, misturando elementos do rock, do jazz e da música regional brasileira. Além disso, algumas músicas foram tocadas ao vivo, tornando a oficina mais envolvente e animada.